Para quem pensou que a lua de mel iria por água a baixo por causa da
quebra de contrato da CVC/Avianca, está muito enganado. Eu realmente fiz várias
caipirinhas com os “limões” que ganhei, rimos muito, nos divertimos até com as
adversidades, porque acredito que devemos mudar o jeito que encaramos as
situações, já que nem sempre conseguimos mudar as coisas que nos acontecem.
Como fomos para uma praia aqui do sul, no outono, era de se esperar frio
e chuva, mas eu não iria me abalar com isso, botei meu biquíni e fui para a
praia assim mesmo, aproveitar que tinha sol. Foram dois dias de sol e deu até
para pegar uma corzinha, azar do vento frio do Alasca que cortava minha pele ao
meio.
No terceiro dia o frio e vento não nos deu outra opção a não ser passear
no centro na praia ao lado da que estávamos, mas como é um pouco longe,
teríamos que pegar um ônibus, mas como já sabíamos disso fomos cedo para a parada,
pois nem todos ônibus de lá são adaptados. O veículo parou e eu já fiquei na
torcida que a rampa estivesse funcionando, já que aqui na capital nem sempre
funcionam por falta de manutenção, imaginem na praia com o desuso e com a influência
da maresia... A rampa desceu meio banza, mas foi, consegui subir.
Obviamente já cheguei a Capão da Canoa procurando o acesso mais rápido
ao meu refugio predileto: O banheiro! Como vocês já sabem, não consigo planejar
nem dois passos, ou melhor dizendo duas rodas, sem saber onde posso correr para
socorrer a Dona Bexiga nervosa... Banheiro localizado mentalmente, pois na
última ida lá, já tinha feito o “reconhecimento de campo”, o passeio pode
prosseguir. Entrei em TODAS as lojas que tinha acesso para a cadeira, sim,
adoroooo olhar vitrines, sou uma cadeirante arretada, mas continuo sendo uma
mulher e mulheres são magicamente atraídas para todos os tipos de loja, desde
loja de parafusos até as sonhadas lojas de roupas femininas. Simmm, eu entrei até
nas farmácias, afinal, farmácia não deixa de ser uma loja, de remédios, mas uma
loja!
Dei uma chegada à beira da praia, só para admirar meu habitat natural, o
mar, porque banho de sol estava difícil devido ao frio polar que estava por lá.
Fiquei realmente encantada, porque a prefeitura fez uma ponte de madeira até a
beira da areia, ficou lindo e super prático. Em Capão Novo, praia onde sempre
ficamos no apartamento da minha sogra, não tem acessibilidade, é uma luta todos
os dias para conseguir chegar até a beira no mar com a cadeira de rodas.
Bateu aquela fome, almoçamos no mesmo restaurante que fomos da última
vez, porque devido à estação dos pinguins e ursos polares parecer ter se
instalado por lá, a maioria dos comércios estavam fechados, e as opções de
restaurantes era ou este ou este mesmo... Logo após o almoço, nos dirigimos até
a porta do mini shopping, local matematicamente calculado para socorrer a Dona
aranha, que já estava subindo pelas paredes. Para nossa surpresa o shopping só
abria às 13h30min, ainda faltavam 10 minutos para abrir e meu intestino
chiliquento resolveu desandar... Olho para meu esposo e digo: Eu preciso ir ao
banheiro, é muito urgente!! Ele me olha quase em pânico, não vai dizer que vai
te dar diarreia? o.O
Nunca dez minutos demoraram tanto para passar, cheguei até a contar
mentalmente todas as pregas do meu brioco e rezar nominalmente para cada uma
delas aguentar a missão!! Quando entrei no corredor que levava aos banheiros,
me lembrei de que o banheiro feminino de lá tem uma catraca na frente e não tem
banheiro adaptado, só tem um adaptado dentro do banheiro masculino, que ótimo
né? Vou ter que abrir a “barragem de Brumadinho” num banheiro masculino! Já
imaginei todos os homens da cidade resolvendo ir naquele banheiro justamente
quando essa calamidade estava por vir. Quase que por um encantamento, consegui
sair de lá sem ser vista, ufa! Agora é rezar para até meu almoço ter ido
privada abaixo, porque achar outro banheiro adaptado na cidade seria mais
difícil que ganhar na loteria.
Passeamos mais um pouco, mas já indo em direção para pegar o ônibus de
retorno, eu louca de medo com a dor de barriga pedir bis. Esperamos uma
eternidade por um ônibus, quando ele finalmente apareceu, abriu a rampa
novamente toda renga, mas eu consegui subir, o que poderia dar errado? Pois é,
justamente, ela não descia para fechar, logo o ônibus não podia arrancar com a
porta aberta, deliciaaa eu presa pelo lado de dentro do ônibus e meu esposo do
lado de fora sem poder subir e o pior, como eu iria descer se a rampa não
descia?
O coitado do motorista tentou tudo que foi botão para fazer a bichinha
funcionar, mas ela nem sinal de vida, ele já desesperado ligou para a garagem e
pediu reforços ...Gente, rápido, porque estou com uma cadeirante presa dentro
do ônibus! Nessa altura eu já tinha rezado para todos os santos, até para o
santo das causas impossíveis, porque minha bexiga e meu intestino nervoso não
são de Deus.
Acho que uns trinta minutos se passaram, me pareceram três séculos, mas
ok. Chegou a cavalaria com outro ônibus para levar a gente e a multidão que
estava esperando o empasse da rampa subir. O técnico que veio junto para
arrumar o ônibus que quebrou, subiu e num passe de mágica fez a rampa descer,
mas igual tinha que levar o ônibus para a garagem para a manutenção, então eu
deveria descer e entrar no outro veiculo. Nada mais poderia dar errado, certo?
Errado, ao chegar à porta do outro ônibus, quem disse que a bendita rampa
descia?
O motorista do resgate mandou todo mundo entrar no ônibus novo e disse:
A senhora volta para o ônibus que
quebrou que vamos levar vocês num expresso direto para a casa de vocês, é o
mínimo que podemos fazer depois de toda essa trapalhada. Lá fomos nós de volta
ao ônibus que tinha me “prendido” e todos que estavam na parada resolvendo esse
impasse nos olharam quase que catatônicos, como se não acreditassem que aquilo
tudo estava ocorrendo...realmente dois ônibus não funcionarem as rampas de
acesso era algo que não deveria ocorrer. Gente, senti como se estivesse pegando
um táxi tamanho gigante, porque ele fechou o carro, colocou placa de manutenção
para justificar não parar e pegou uma via expressa até a nossa casa.
Na nossa ultima noite de “lua de mel”, resolvemos aproveitar e entrar
madrugada adentro namorando, afinal lua de mel tinha que ter “namoro”, não é
verdade? Por volta das quatro horas da madrugada, em meio aquele enlace todo,
tínhamos apenas uma luz de cabeceira acessa, aquele clima romântico pairando no
ar... Meu esposo com uma voz enfática me diz: NÃO TE MEXE!! Logo pensei que era
algum “jogo” sensual. OBAAA! Quando me liguei que tinha algo errado...olho
lentamente para o lado e vejo na parede uma sombra gigante apontada pela luz do
abajur, uma barata de proporções astronômicas, bem ao meu lado na parede, aff,
acabou com o clima “sadomaso” do momento... E para a noite não acabar com essa
imagem asquerosa, fui até à cozinha fazer uma caipirinha, afinal o tema dessa
lua de mel foi os limões, né? Que eles sejam então com muito gelo, açúcar e
cachaça!
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