E o grande dia chegou!! É casei (de novo kkk)! Dizem que casamento dá
trabalho, estresse, que dá briga e por ai vai, acredite dá mesmo, mas também têm
muitas emoções, alegrias e o principal muita comédia, porque se pode virar
piada, pode ter certeza que o farei...
Tenho que contar para vocês que as emoções começaram na sexta, véspera
do dia do casamento, pois na sexta meu padrinho e a namorada chegavam de Minas
Gerais, simmm meu dindo nem me conhecia pessoalmente ainda, mas iria atravessar
meio Brasil para me conhecer e testemunhar meu casamento. Vocês devem estar se
perguntando, como uma pessoa que não me conhecia iria se despencar até a ponta
do Brasil para ser padrinho de casamento de alguém que ele não conhecia? Vou
contar, há alguns anos atrás em um dos diagnósticos errados que me deram, fui
diagnostica com ELP, esclerose Lateral Primária, e logicamente que entrei no Google
para pesquisar sobre o assunto e como é uma doença rara, não achei quase nada,
mas encontrei um grupo no whatts de pessoas raras com a mesma patologia. E a
partir dali surgiu uma enorme interação com esses novos amigos, foi algo
realmente muito intenso e quando menos esperei me dei conta que duas pessoas em
especial se tornaram meus irmãos de coração. Minha mais nova mana mora em
Travesseiro, interior do Rio Grande do Sul e meu mais novo mano em Santa Luzia,
Minas Gerais e não teria como ser diferente, resolvi convida-los para padrinhos
do nosso casamento.
Então como eu estava contando, na sexta foi um dia muito movimentado,
levantei às 6h da manhã para buscar o mano e a parceira no aeroporto, um
detalhe importante eu estava indo busca-los de Uber e teria que caber minha
cadeira de rodas, o andador dele (sim ele também é deficiente físico) as malas
e nós 03. Desloquei-me até o aeroporto e fiquei aguardando lá no saguão, e nada
do vôo deles chegarem, quando chegou fiquei próximo ao vidro para que eles
pudessem me ver, mas desceu todo mundo do vôo, até um cantor famoso... Até que
uma hora depois os avistei de longe, o mano numa cadeira de rodas e a
companheira, mas não entendia porque estavam demorando tanto, após uma longa
espera Clélia vem ao meu encontro, sozinha, me abraçou sem sair do desembarque,
e me disse: Perderam a mala do teu dindo! Logo pensei... e meus queijos e minha
pinga? Senhorrrr perderam minha pinga!!! Mas para não parecer desalmada
perguntei para ela e o terno do mano? Ela aliviada respondeu que estava na mala
dela, ufaaaa ele não vai entrar pelado!
Depois de preencherem a papelada “burrocrática” por mais de uma hora,
meu mano se aproxima do portão na cadeira de rodas, foi um misto de emoções, eu
meio desajeitada tento aproximar minha cadeira de rodas da dele para abraça-lo,
e o mundo parou por alguns minutos enquanto nos abraçávamos longamente, passava
na minha cabeça mil coisas, desde a emoção de conhecer meu padrinho e irmão de
coração, o orgulho de ver a coragem dele com toda a limitação física que possui
se despencar até o sul do pais para me prestigiar, até o desespero de achar que
perdi meus queijos e minha pinga...hahahahaah
Depois daquele momento magicamente raro, conversei com a moça da
companhia aérea, passei meu endereço para ela, afinal eles iriam depois para
minha casa, e dei meu numero de celular, pois uma das limitações do mano é na
fala. Olhei para os dois e disse que em menos de meia hora eu teria que
atravessar a cidade para ir a uma consulta na AACD para pedir minha cadeira nova.
Beleza... embarcaram os dois no taxi direto para o hotel e fui para a consulta.
Sai da consulta e voei para casa, tinha que fazer almoço para minha
guria, e correr para ir buscar a madrinha na rodoviária... Cozinhei o almoço e
engoli a jato e corri para não me atrasar. Vamos para o detalhe parte dois,
minha dinda também é deficiente física, então vocês imaginem eu correndo com a
cadeira de rodas e a mana tentando me acompanhar com a muleta, até que me dei
conta e diminui...tadinha...
Nesse meio tempo liguei para a companhia aérea e fiz um tumulto, que
tinham perdido a mala do meu mano, que ele era deficiente físico, que na mala
tinha comidas perecíveis, remédios que precisam ir para o gelo (essa parte não
era bem verdade rsrsrsrsrs), materiais de sondagem, fraldas e que eles tinham
que dar um jeito, não me interessava qual. Passou alguns minutos me ligaram
dizendo que acharam a mala e que a estavam indo entregar lá na minha casa.
ALELUIAAAA... salve a cachaça!! Nesse interim a Clélia me chama dizendo que o
mano precisa das roupas, que tinha ocorrido um acidente.... xiiiii A Mala estava indo para a minha casa, não
tinha como mandar entregar lá no hotel, sem cerimonias disse para ela botar ele
na calça do terno e ir lá para casa e lá eu dava um jeito.
Enquanto eu esperava a mana chegar, fui até a lojinha do Inter para
comprar o último presente que faltava para nosso amigo secreto, sim, peguei meu
mano mineiro, meu telefone toca, eu atendo, mas como quase não escuto, deduzi
que era alguém do aeroporto, pois estava me falando alguma coisa sobre a mala,
que tinha alimentos perecíveis que iriam estragar, e eu bem certa de mim, digo
sim a mala é do meu irmão e já resolvi, vão entregar lá na minha casa, e a moça
continuava a falar e entendi algo sobre algum formulário, mas não escutava que
formulário era, ela só me pedia se eu tinha um formulário para fazer o
entregador assinar com o horário que a mala estava sendo entregue, eu disse
moça, eu não estou em casa, só esta minha filha, lá não tem formulário algum...até
que atinei em perguntar: Quem mesmo que está falando? A resposta me fez
congelar como o iceberg do Titanic... Aqui é a filha do Afonso... Gente eu na
maior cara de pau disse que ele era meu irmão... Pronto agora guria vai achar
que sou doida de pedra.
Tarefas concluídas com quase sucesso, a mana e eu fomos para minha casa,
a mala já estava lá e o mano e a namorada estavam a caminho. A mana só sabia me
perguntar da mala: E as minhas cachaças? OOOO pinguça, já resgatei a mala do
tesouro mineiro!! Depois dos dois chegarem e a gente se emocionar novamente,
pois era a primeira vez que nós duas conhecíamos nosso tão amado mano que
ESCOLHEMOS para chamar de nosso irmão. Ai que digo para vocês meus leitores,
não há barreiras para o amor, não existe deficiência, não existe limitação que
possa impedir esse sentimento, é uma magia que a nossa vã existência não pode
explicar. Foram sorrisos e lágrimas muito intensas... E no meio dessa emoção
toda a mana olha para uma rena com um Papai Noel que eu tenho no balcão e solta
a pérola: Mano, olha tem uma miniatura tua na casa da Dani... rimos muito,
chamou o mineiro de veado sem a menor cerimônia .
À noite, fizemos nosso amigo secreto, do nosso grupo de amigos raros, onde
tem o pessoal com ELP, tem papagaio de pirata, tem mãe de paciente ainda sem
diagnóstico, tem a doida que entrou com síndrome do pânico achando que tinha
ELA, tem “espiões da CIA”, tem
alienígena e eu que que segundo um dos doidos sou a enfermeira chefe do
manicômio e acabei ficando porque me apaixonei por todos os doidos raros do
grupo!
Na manhã seguinte era o grande dia, será um dia calmo e tranquilo,
afinal no dia anterior já tinha dado o sumiço da mala do mineiro, hoje tudo
ocorreria na paz do Senhor, hummm ledo engano. Despachei o noivo logo cedo para
a casa dos pais eu e a mana fomos dar uma ajeitada na casa, pois tinha ficado
uma zona da farra da noite anterior, era umas 14h e a dinda manda uma foto da
noiva aqui passando pano no chão, e a turma me mandando ir pro salão de beleza
de uma vez.... Calma gente, o casamento
é só as 19h o.O
Achei estranho que quando eu estava no salão de beleza, meu whatsapp
estava quieto, normalmente isso não é bom sinal, é que nem criança pequena, se
estiver muito quieta, certo que está aprontando. Dito e feito, mais ou menos
uns 40 minutos antes da cerimonia, minha amiga que estava maquiando a minha
guria me pergunta com um ar de criança cagada, que horas a Gigi tem que estar
na igreja... Achei estranho, mas respondi, alguns minutos depois a pergunta se
repete, ai perguntei o porquê, ela me responde que a Gigi chegou muito
atrasada, porque insistiram que ela deveria ir até o centro(no hotel do dindo)
buscar as fraldas dele...Gente, como assim?? Ir até o centro buscar as fraldas,
acho que o dindo tinha mandado fazer umas personalizadas escrito: Padrinho da
Dani e do San, só pode, né? A Gigi me explica que ele foi para nossa casa, mas
esqueceu das fraldas lá, mas porque não compraram numa farmácia e pediram para
entregar lá na minha casa? Essa busca a fralda esquecida de “Afonso Jones”,
custou uma pechincha de quase 50 reais de Uber....aff Na porta da igreja, poucos instantes antes da
entrada triunfal a mana não resolve passar a tesoura no terno do mano porque
não entrava o paletó nele? Gente, imaginem essas duas loucas descosturando o
paletó dele na porta da igreja... E o pior, não deu certo, resumo, ele entrou
sem paletó kkkkk
Para compor a cena da igreja foi explanar um resumo sobre os padrinhos:
Primeira madrinha a Gigi, lógico, com o ex-namorado que acompanhou todo o nosso
namoro, depois dois primos do San (o único casal normal), ai veio o “casal
polêmico”, duas amigas minhas e irmãs do coração que entraram juntas só pelo
fato de uma delas ser solteirona convicta, e o ultimo casal e o mais
emocionante do universo: meus manos do coração, minha mana de Travesseiro e meu
mano Mineiro, ele andando corajosamente no seu andador e ela com o auxilio de
uma bengala, aquela cena emocionou toda a igreja, e enquanto as pessoas olhavam
com admiração a palhaça da dinda cochichava no ouvido do dindo: Nós ainda não
caímos, falta pouco... hahahahahahaha
A hora chegou, escutei minha música tocando, claro uma noiva radical, só
poderia ter uma musica radical: Rock and Roll, com Guns n’ Roses. Nesse momento
começou a discórdia sobre meus óculos, entrar com ou sem óculos, entrar bonita
ou enxergar o noivo e os convidados...pois é, acabei ouvindo as vozezinhas
diabólicas que assopraram, Dani entra sem... Adivinhem, eu só senti a emoção do
momento, porque enxergar, nadica... Cochichei para minha dama de honra que
estava me conduzindo, tu tem CERTEZA que o noivo esta no altar??
Quando cheguei ao altar, o San me recepcionou e me conduziu ate a frente
do padre, uma cadeira foi colocada ao meu lado para o noivo sentar junto de
mim, afinal como eu não posso ficar de pé, achamos que seria elegante, ele foi
sentar e quase caiu porque a idiota aqui resolveu alinhar a cadeira que estava
torta do meu lado. Em seguida começou as juras, juro respeitar-te na alegria e
na tristeza, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença (quase que eu disse,
mais na doença, né padre?), até que o padre pede para o San colocar a aliança
em mim, não é que no nervoso o homem atola até a metade do meu dedo do MEIO a
aliança, é o dedo de mandar tomar no c#, e eu tentando tirar sem chamar
atenção...uffa, consegui. Chegou a minha vez de colocar a aliança no meu amor,
não posso errado o dedo, e o padre diz a fatídica frase: coloque a aliança na
mão esquerda do noivo, C@ralh# qual é a mão esquerda? Deu-me um branco, o padre
teve que me sinalizar, rindo muito até agora. Isso tudo regado com as lagrimas
e suspiros de emoção da minha aia (filha da minha dinda), ela chorou a
cerimonia inteirinha e com isso fez a igreja toda (inclusive a noiva aqui)
chorar sem parar... foi emoção do inicio ao fim, simplesmente mágico.
Cerimonia chegando ao fim, o padre pede para os noivos e depois os
padrinhos assinarem a certidão de casamento, minha filha e madrinha no meio de
toda aquela emoção, pergunta: Precisa de identidade para assinar? Em um riso
coletivo todos riem e respondem: Gigi é um casamento, não uma balada! E como se
não bastasse na hora de me ajeitar para fazermos a saída triunfal dos noivos da
igreja, fui pedir os meus óculos para poder assinar o ato do matrimonio e
manobrei a cadeira para procurar a minha dama de honra, o vestido atolou nas
rodas da cadeira, aff... cadê minha dama de honra?? A tonta em vez de ficar no
altar, foi sentar quase lá no fim da igreja, e não vinha para me ajudar, até
que o padre fala bem alto no microfone: Cadê a dama de honra? Venha ajudar sua
senhora! hahhahahaha
E como todo o bom casamento tem como o momento mais esperado a hora que
a noiva joga o buque, todas as encalhadas de plantão a postos, posso jogar? Umas
das minhas madrinhas, (aquela do casal “normal”) se abaixou desviando do buque,
a bonita já casou umas 4 vezes... e como nosso casamento foi para quebrar todos os
estereótipos e paradigmas, como se o destino desse um toque todo especial ao
momento, o buque caiu magicamente nos braços de uma amiga minha, ela correu
para beijar a namorada dela, aposto que a mulherada todo morreuuu de inveja!
Todos merecem um final feliz, não é? E esse casamento REALmente raro foi
simplesmente sublime!
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