sábado, 15 de dezembro de 2018

Casamento REALmente Raro!



E o grande dia chegou!! É casei (de novo kkk)! Dizem que casamento dá trabalho, estresse, que dá briga e por ai vai, acredite dá mesmo, mas também têm muitas emoções, alegrias e o principal muita comédia, porque se pode virar piada, pode ter certeza que o farei...

Tenho que contar para vocês que as emoções começaram na sexta, véspera do dia do casamento, pois na sexta meu padrinho e a namorada chegavam de Minas Gerais, simmm meu dindo nem me conhecia pessoalmente ainda, mas iria atravessar meio Brasil para me conhecer e testemunhar meu casamento. Vocês devem estar se perguntando, como uma pessoa que não me conhecia iria se despencar até a ponta do Brasil para ser padrinho de casamento de alguém que ele não conhecia? Vou contar, há alguns anos atrás em um dos diagnósticos errados que me deram, fui diagnostica com ELP, esclerose Lateral Primária, e logicamente que entrei no Google para pesquisar sobre o assunto e como é uma doença rara, não achei quase nada, mas encontrei um grupo no whatts de pessoas raras com a mesma patologia. E a partir dali surgiu uma enorme interação com esses novos amigos, foi algo realmente muito intenso e quando menos esperei me dei conta que duas pessoas em especial se tornaram meus irmãos de coração. Minha mais nova mana mora em Travesseiro, interior do Rio Grande do Sul e meu mais novo mano em Santa Luzia, Minas Gerais e não teria como ser diferente, resolvi convida-los para padrinhos do nosso casamento.

Então como eu estava contando, na sexta foi um dia muito movimentado, levantei às 6h da manhã para buscar o mano e a parceira no aeroporto, um detalhe importante eu estava indo busca-los de Uber e teria que caber minha cadeira de rodas, o andador dele (sim ele também é deficiente físico) as malas e nós 03. Desloquei-me até o aeroporto e fiquei aguardando lá no saguão, e nada do vôo deles chegarem, quando chegou fiquei próximo ao vidro para que eles pudessem me ver, mas desceu todo mundo do vôo, até um cantor famoso... Até que uma hora depois os avistei de longe, o mano numa cadeira de rodas e a companheira, mas não entendia porque estavam demorando tanto, após uma longa espera Clélia vem ao meu encontro, sozinha, me abraçou sem sair do desembarque, e me disse: Perderam a mala do teu dindo! Logo pensei... e meus queijos e minha pinga? Senhorrrr perderam minha pinga!!! Mas para não parecer desalmada perguntei para ela e o terno do mano? Ela aliviada respondeu que estava na mala dela, ufaaaa ele não vai entrar pelado!

Depois de preencherem a papelada “burrocrática” por mais de uma hora, meu mano se aproxima do portão na cadeira de rodas, foi um misto de emoções, eu meio desajeitada tento aproximar minha cadeira de rodas da dele para abraça-lo, e o mundo parou por alguns minutos enquanto nos abraçávamos longamente, passava na minha cabeça mil coisas, desde a emoção de conhecer meu padrinho e irmão de coração, o orgulho de ver a coragem dele com toda a limitação física que possui se despencar até o sul do pais para me prestigiar, até o desespero de achar que perdi meus queijos e minha pinga...hahahahaah

Depois daquele momento magicamente raro, conversei com a moça da companhia aérea, passei meu endereço para ela, afinal eles iriam depois para minha casa, e dei meu numero de celular, pois uma das limitações do mano é na fala. Olhei para os dois e disse que em menos de meia hora eu teria que atravessar a cidade para ir a uma consulta na AACD para pedir minha cadeira nova. Beleza... embarcaram os dois no taxi direto para o hotel e fui para a consulta.

Sai da consulta e voei para casa, tinha que fazer almoço para minha guria, e correr para ir buscar a madrinha na rodoviária... Cozinhei o almoço e engoli a jato e corri para não me atrasar. Vamos para o detalhe parte dois, minha dinda também é deficiente física, então vocês imaginem eu correndo com a cadeira de rodas e a mana tentando me acompanhar com a muleta, até que me dei conta e diminui...tadinha...

Nesse meio tempo liguei para a companhia aérea e fiz um tumulto, que tinham perdido a mala do meu mano, que ele era deficiente físico, que na mala tinha comidas perecíveis, remédios que precisam ir para o gelo (essa parte não era bem verdade rsrsrsrsrs), materiais de sondagem, fraldas e que eles tinham que dar um jeito, não me interessava qual. Passou alguns minutos me ligaram dizendo que acharam a mala e que a estavam indo entregar lá na minha casa. ALELUIAAAA... salve a cachaça!! Nesse interim a Clélia me chama dizendo que o mano precisa das roupas, que tinha ocorrido um acidente.... xiiiii  A Mala estava indo para a minha casa, não tinha como mandar entregar lá no hotel, sem cerimonias disse para ela botar ele na calça do terno e ir lá para casa e lá eu dava um jeito.

Enquanto eu esperava a mana chegar, fui até a lojinha do Inter para comprar o último presente que faltava para nosso amigo secreto, sim, peguei meu mano mineiro, meu telefone toca, eu atendo, mas como quase não escuto, deduzi que era alguém do aeroporto, pois estava me falando alguma coisa sobre a mala, que tinha alimentos perecíveis que iriam estragar, e eu bem certa de mim, digo sim a mala é do meu irmão e já resolvi, vão entregar lá na minha casa, e a moça continuava a falar e entendi algo sobre algum formulário, mas não escutava que formulário era, ela só me pedia se eu tinha um formulário para fazer o entregador assinar com o horário que a mala estava sendo entregue, eu disse moça, eu não estou em casa, só esta minha filha, lá não tem formulário algum...até que atinei em perguntar: Quem mesmo que está falando? A resposta me fez congelar como o iceberg do Titanic... Aqui é a filha do Afonso... Gente eu na maior cara de pau disse que ele era meu irmão... Pronto agora guria vai achar que sou doida de pedra.

Tarefas concluídas com quase sucesso, a mana e eu fomos para minha casa, a mala já estava lá e o mano e a namorada estavam a caminho. A mana só sabia me perguntar da mala: E as minhas cachaças? OOOO pinguça, já resgatei a mala do tesouro mineiro!! Depois dos dois chegarem e a gente se emocionar novamente, pois era a primeira vez que nós duas conhecíamos nosso tão amado mano que ESCOLHEMOS para chamar de nosso irmão. Ai que digo para vocês meus leitores, não há barreiras para o amor, não existe deficiência, não existe limitação que possa impedir esse sentimento, é uma magia que a nossa vã existência não pode explicar. Foram sorrisos e lágrimas muito intensas... E no meio dessa emoção toda a mana olha para uma rena com um Papai Noel que eu tenho no balcão e solta a pérola: Mano, olha tem uma miniatura tua na casa da Dani... rimos muito, chamou o mineiro de veado sem a menor cerimônia .

À noite, fizemos nosso amigo secreto, do nosso grupo de amigos raros, onde tem o pessoal com ELP, tem papagaio de pirata, tem mãe de paciente ainda sem diagnóstico, tem a doida que entrou com síndrome do pânico achando que tinha ELA, tem  “espiões da CIA”, tem alienígena e eu que que segundo um dos doidos sou a enfermeira chefe do manicômio e acabei ficando porque me apaixonei por todos os doidos raros do grupo!

Na manhã seguinte era o grande dia, será um dia calmo e tranquilo, afinal no dia anterior já tinha dado o sumiço da mala do mineiro, hoje tudo ocorreria na paz do Senhor, hummm ledo engano. Despachei o noivo logo cedo para a casa dos pais eu e a mana fomos dar uma ajeitada na casa, pois tinha ficado uma zona da farra da noite anterior, era umas 14h e a dinda manda uma foto da noiva aqui passando pano no chão, e a turma me mandando ir pro salão de beleza de uma vez....  Calma gente, o casamento é só as 19h o.O

Achei estranho que quando eu estava no salão de beleza, meu whatsapp estava quieto, normalmente isso não é bom sinal, é que nem criança pequena, se estiver muito quieta, certo que está aprontando. Dito e feito, mais ou menos uns 40 minutos antes da cerimonia, minha amiga que estava maquiando a minha guria me pergunta com um ar de criança cagada, que horas a Gigi tem que estar na igreja... Achei estranho, mas respondi, alguns minutos depois a pergunta se repete, ai perguntei o porquê, ela me responde que a Gigi chegou muito atrasada, porque insistiram que ela deveria ir até o centro(no hotel do dindo) buscar as fraldas dele...Gente, como assim?? Ir até o centro buscar as fraldas, acho que o dindo tinha mandado fazer umas personalizadas escrito: Padrinho da Dani e do San, só pode, né? A Gigi me explica que ele foi para nossa casa, mas esqueceu das fraldas lá, mas porque não compraram numa farmácia e pediram para entregar lá na minha casa? Essa busca a fralda esquecida de “Afonso Jones”, custou uma pechincha de quase 50 reais de Uber....aff  Na porta da igreja, poucos instantes antes da entrada triunfal a mana não resolve passar a tesoura no terno do mano porque não entrava o paletó nele? Gente, imaginem essas duas loucas descosturando o paletó dele na porta da igreja... E o pior, não deu certo, resumo, ele entrou sem paletó kkkkk

Para compor a cena da igreja foi explanar um resumo sobre os padrinhos: Primeira madrinha a Gigi, lógico, com o ex-namorado que acompanhou todo o nosso namoro, depois dois primos do San (o único casal normal), ai veio o “casal polêmico”, duas amigas minhas e irmãs do coração que entraram juntas só pelo fato de uma delas ser solteirona convicta, e o ultimo casal e o mais emocionante do universo: meus manos do coração, minha mana de Travesseiro e meu mano Mineiro, ele andando corajosamente no seu andador e ela com o auxilio de uma bengala, aquela cena emocionou toda a igreja, e enquanto as pessoas olhavam com admiração a palhaça da dinda cochichava no ouvido do dindo: Nós ainda não caímos, falta pouco... hahahahahahaha
A hora chegou, escutei minha música tocando, claro uma noiva radical, só poderia ter uma musica radical: Rock and Roll, com Guns n’ Roses. Nesse momento começou a discórdia sobre meus óculos, entrar com ou sem óculos, entrar bonita ou enxergar o noivo e os convidados...pois é, acabei ouvindo as vozezinhas diabólicas que assopraram, Dani entra sem... Adivinhem, eu só senti a emoção do momento, porque enxergar, nadica... Cochichei para minha dama de honra que estava me conduzindo, tu tem CERTEZA que o noivo esta no altar??

Quando cheguei ao altar, o San me recepcionou e me conduziu ate a frente do padre, uma cadeira foi colocada ao meu lado para o noivo sentar junto de mim, afinal como eu não posso ficar de pé, achamos que seria elegante, ele foi sentar e quase caiu porque a idiota aqui resolveu alinhar a cadeira que estava torta do meu lado. Em seguida começou as juras, juro respeitar-te na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença (quase que eu disse, mais na doença, né padre?), até que o padre pede para o San colocar a aliança em mim, não é que no nervoso o homem atola até a metade do meu dedo do MEIO a aliança, é o dedo de mandar tomar no c#, e eu tentando tirar sem chamar atenção...uffa, consegui. Chegou a minha vez de colocar a aliança no meu amor, não posso errado o dedo, e o padre diz a fatídica frase: coloque a aliança na mão esquerda do noivo, C@ralh# qual é a mão esquerda? Deu-me um branco, o padre teve que me sinalizar, rindo muito até agora. Isso tudo regado com as lagrimas e suspiros de emoção da minha aia (filha da minha dinda), ela chorou a cerimonia inteirinha e com isso fez a igreja toda (inclusive a noiva aqui) chorar sem parar... foi emoção do inicio ao fim, simplesmente mágico.

Cerimonia chegando ao fim, o padre pede para os noivos e depois os padrinhos assinarem a certidão de casamento, minha filha e madrinha no meio de toda aquela emoção, pergunta: Precisa de identidade para assinar? Em um riso coletivo todos riem e respondem: Gigi é um casamento, não uma balada! E como se não bastasse na hora de me ajeitar para fazermos a saída triunfal dos noivos da igreja, fui pedir os meus óculos para poder assinar o ato do matrimonio e manobrei a cadeira para procurar a minha dama de honra, o vestido atolou nas rodas da cadeira, aff... cadê minha dama de honra?? A tonta em vez de ficar no altar, foi sentar quase lá no fim da igreja, e não vinha para me ajudar, até que o padre fala bem alto no microfone: Cadê a dama de honra? Venha ajudar sua senhora! hahhahahaha

E como todo o bom casamento tem como o momento mais esperado a hora que a noiva joga o buque, todas as encalhadas de plantão a postos, posso jogar? Umas das minhas madrinhas, (aquela do casal “normal”) se abaixou desviando do buque, a bonita já casou  umas 4 vezes... e  como nosso casamento foi para quebrar todos os estereótipos e paradigmas, como se o destino desse um toque todo especial ao momento, o buque caiu magicamente nos braços de uma amiga minha, ela correu para beijar a namorada dela, aposto que a mulherada todo morreuuu de inveja! Todos merecem um final feliz, não é? E esse casamento REALmente raro foi simplesmente sublime!








Nenhum comentário: