sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Aberta a Caça a bactéria!



Essa semana eu já estava à espera do hospital me chamar para o próximo ciclo de pulsoterapia e químio, mas fui surpreendida por uma infecção urinária, já estava há alguns dias com os sintomas, mas não estava nem um pouco a fim de entrar pela emergência, que é um caos, como todas as emergências dos hospitais do Brasil.

Então logo que cheguei ao leito que foi reservado para mim, avisei ao médico que estava com uma infecção instalada, resultado já mais do que previsto: atraso nas terapias até descobrir a dona bactéria e dar um “trato” nela. E como vocês já devem imaginar, eu fiz desse um limão, uma limonada, e aproveitei para me divertir, dando muitas risadas com as peripécias no hospital. E como a alta está prevista para este domingo, talvez ainda tenha mais loucuras para dividir com vocês.

Bom, a primeira que ocorreu que tive que rir, foi que entreguei um convite para o meu casamento, que ocorre em dezembro agora, para um dos meus médicos, até ai tranquilo, ele agradeceu, mas não leu na minha frente. Meia hora depois eu passei no posto de enfermagem, afinal eu mais estou batendo roda na rua, do que dentro do quarto... E as enfermeiras me viram e me atacaram: Dani, tu vai casar, queremos ir também? Eu distraidamente perguntei como souberam? O Dr, abriu o bocão para TODA a equipe da neurologia... Senhorrr, lá fui eu pegar outro convite para deixar no posto de enfermagem, era o mínimo a fazer, né? Nesse mesmo momento ouvi um enfermeiro perguntando quem era eu, escuto o Dr todo animado explicando: É uma cadeirante, que esta sempre de camisa de super-herói voando as tranças pelos corredores do hospital. Ele responde: “ Ah, eu sei, é a Dani” Fato comprovado: Não consigo passar despercebida... 

Logo que entrei no meu quarto, vi que a cama que tinha era aquelas estilo segunda guerra mundial, aquelas de manivelas, sem condições para mim, afinal eu preciso aquelas automáticas, porque preciso de independência, odeio ficar pedindo ajuda, e aquelas camas pré-históricas são muito altas, e me deixam presa. Ai comecei a louquear a equipe de enfermagem para me conseguir outra. No segundo dia, comecei a andar pelos corredores olhando para dentro dos quartos a caça da “minha cama”, até que olhei e vi o quarto 11 sendo higienizado, mas é agora que consigo a cama!! “Corri” até o posto de enfermagem e disse para as gurias: Achei uma cama para mim! Elas me perguntaram onde, eu disse o 11 ali esta sendo higienizado. As duas baixaram a cabeça e falaram o paciente do 11 faleceu essa madrugada... Eu meio que no automático respondi: Mas gente, agora ele não vai mais precisar da cama, ele não vai se importar de me emprestar... Acho que fui meio mórbida, mas juro que não foi de propósito, e as gurias riram e me conseguiram a cama do falecido. o.O

Passei 3 dias a espera da caça da dita dona bactéria, oooo examezinho que demora esse, vamos então bater roda pelo hospital. Até que ao passar por um dos corredores vi duas cadeiras vazias na porta de um dos quartos, logo deduzi que era um preso. Como sou absurdamente curiosa, não sosseguei até descobrir o que era, uma das enfermeiras me contou que era o “poderoso chefão do crime” e que os policiais na porta eram do batalhão de forças especiais que estavam armados até os dentes e o preso estava algemado no quarto, detalhe: por convenio, não estava pelo SUS, caro sustentado pelo crime, né? Descobri que os policiais estavam olhando as possíveis rotas de fuga do hospital, por isso não estavam na porta quando eu passei por lá. #tenso!

Já no meu quarto, entre entra e sai da equipe de enfermagem, tenta achar veia, veia escapa, pressão sobe, glicose oscila, aquela loucura e minha filha me liga meio estranha da frente da escola, por volta das 14h e desliga o celular e não me responde mais no watts, não atendia as ligações, só caia na caixa postal, já me bateu o desespero, chamei a Ju, amiga da Gigi que mora na frente da escola e pedi para ela ir lá ver o que houve. Até que toca meu celular, ligação a cobrar, pronto sinônimo de deu m#rda! “Mãe, fui assaltada a mão armada por dois homens, levaram meu celular, meu R.G e teu cartão de credito, liga rápido para cancelar”. Ligação caiu e depois eu ligava e dava na caixa postal, que maravilha, que bom, sem mais noticias . :(

Vocês imaginam a maratona, ligando para banco, operadora de telefonia e tudo mais para cancelar tudo e ao mesmo tempo tentando achar algum parente que pudesse acudir a baixinha, e tudo isso intercalando com enfermeiras, fisioterapeutas, médicos entrando tudo na mesma hora, engraçado quando não estou fazendo nada, não entra nem alma penada no meu quarto...
Acho interessante e às vezes desafiador, que parece que tudo resolve acontecer quando estou internada, todas às vezes não consigo vir sossegada e só me preocupar com meu tratamento, uma vez falta luz só na minha casa, e ninguém atina a resolver na minha ausência, fico eu daqui me atucanando. Na outra vez, a Gigi pega outra pneumonia e precisa ser baixada as pressas, e eu tive que movimentar céus e montanhas para conseguir que nos colocassem no mesmo quarto, pois ela não poderia ficar sozinha por sem menor de idade. E agora dessa vez a guria é assaltada e a mãe aqui tem que se virar nos 30 para resolver  o problema e consolar a menina.


Bom, dona bactéria identificada e sendo tratada, pulsoterapia e andamento, correria sobre o assalto sendo resolvida, beleza, essa noite vou conseguir dormir. As duas da manhã veio o enfermeiro pela milionésima vez no meu quarto para instalar a bolsa com o antibiótico na veia, perguntei se era o último remédio do dia, enfim era, vou dormir... Ledo engano, por volta das três da manhã o infeliz do enfermeiro entra no quarto que “nem gringo em baile”, acende todas as luzes possíveis do quarto, se aproxima da cama com um olhar psicopata, coloca as luvas e me diz com uma voz meio metálica: Vim para fazer o exame do cotonete no c#! Num segundo pulei da cama e quase mandei ele tomar no c# dele, disse indignada, não vai nada, me dá essa m#rda aqui que vou lá no banheiro fazer. Voltei possuída para a cama, vê se tem cabimento teve o dia INTEIRO para fazer essa droga de exame e espera às 3 horas da manha para vir me acordar para fazer?? Fiquei imaginando, no mínimo ele não tinha o que fazer de madrugada e pensou: “Quem eu posso sacanear essa madrugada?” Só pode, né? Não tem outra explicação... Palhaço!! :/







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