Essa semana eu já estava à espera do hospital me chamar para o próximo
ciclo de pulsoterapia e químio, mas fui surpreendida por uma infecção urinária,
já estava há alguns dias com os sintomas, mas não estava nem um pouco a fim de
entrar pela emergência, que é um caos, como todas as emergências dos hospitais
do Brasil.
Então logo que cheguei ao leito que foi reservado para mim, avisei ao
médico que estava com uma infecção instalada, resultado já mais do que previsto:
atraso nas terapias até descobrir a dona bactéria e dar um “trato” nela. E como
vocês já devem imaginar, eu fiz desse um limão, uma limonada, e aproveitei para
me divertir, dando muitas risadas com as peripécias no hospital. E como a alta
está prevista para este domingo, talvez ainda tenha mais loucuras para dividir
com vocês.
Bom, a primeira que ocorreu que tive que rir, foi que entreguei um
convite para o meu casamento, que ocorre em dezembro agora, para um dos meus
médicos, até ai tranquilo, ele agradeceu, mas não leu na minha frente. Meia
hora depois eu passei no posto de enfermagem, afinal eu mais estou batendo roda
na rua, do que dentro do quarto... E as enfermeiras me viram e me atacaram:
Dani, tu vai casar, queremos ir também? Eu distraidamente perguntei como
souberam? O Dr, abriu o bocão para TODA a equipe da neurologia... Senhorrr, lá
fui eu pegar outro convite para deixar no posto de enfermagem, era o mínimo a
fazer, né? Nesse mesmo momento ouvi um enfermeiro perguntando quem era eu,
escuto o Dr todo animado explicando: É uma cadeirante, que esta sempre de
camisa de super-herói voando as tranças pelos corredores do hospital. Ele
responde: “ Ah, eu sei, é a Dani” Fato comprovado: Não consigo passar
despercebida...
Logo que entrei no meu quarto, vi que a cama que tinha era aquelas
estilo segunda guerra mundial, aquelas de manivelas, sem condições para mim,
afinal eu preciso aquelas automáticas, porque preciso de independência, odeio
ficar pedindo ajuda, e aquelas camas pré-históricas são muito altas, e me
deixam presa. Ai comecei a louquear a equipe de enfermagem para me conseguir outra.
No segundo dia, comecei a andar pelos corredores olhando para dentro dos
quartos a caça da “minha cama”, até que olhei e vi o quarto 11 sendo higienizado,
mas é agora que consigo a cama!! “Corri” até o posto de enfermagem e disse para
as gurias: Achei uma cama para mim! Elas me perguntaram onde, eu disse o 11 ali
esta sendo higienizado. As duas baixaram a cabeça e falaram o paciente do 11
faleceu essa madrugada... Eu meio que no automático respondi: Mas gente, agora
ele não vai mais precisar da cama, ele não vai se importar de me emprestar...
Acho que fui meio mórbida, mas juro que não foi de propósito, e as gurias riram
e me conseguiram a cama do falecido. o.O
Passei 3 dias a espera da caça da dita dona bactéria, oooo examezinho
que demora esse, vamos então bater roda pelo hospital. Até que ao passar por um
dos corredores vi duas cadeiras vazias na porta de um dos quartos, logo deduzi
que era um preso. Como sou absurdamente curiosa, não sosseguei até descobrir o
que era, uma das enfermeiras me contou que era o “poderoso chefão do crime” e
que os policiais na porta eram do batalhão de forças especiais que estavam
armados até os dentes e o preso estava algemado no quarto, detalhe: por
convenio, não estava pelo SUS, caro sustentado pelo crime, né? Descobri que os
policiais estavam olhando as possíveis rotas de fuga do hospital, por isso não
estavam na porta quando eu passei por lá. #tenso!
Já no meu quarto, entre entra e sai da equipe de enfermagem, tenta achar
veia, veia escapa, pressão sobe, glicose oscila, aquela loucura e minha filha
me liga meio estranha da frente da escola, por volta das 14h e desliga o
celular e não me responde mais no watts, não atendia as ligações, só caia na
caixa postal, já me bateu o desespero, chamei a Ju, amiga da Gigi que mora na
frente da escola e pedi para ela ir lá ver o que houve. Até que toca meu
celular, ligação a cobrar, pronto sinônimo de deu m#rda! “Mãe, fui assaltada a
mão armada por dois homens, levaram meu celular, meu R.G e teu cartão de
credito, liga rápido para cancelar”. Ligação caiu e depois eu ligava e dava na
caixa postal, que maravilha, que bom, sem mais noticias . :(
Vocês imaginam a maratona, ligando para banco, operadora de telefonia e
tudo mais para cancelar tudo e ao mesmo tempo tentando achar algum parente que
pudesse acudir a baixinha, e tudo isso intercalando com enfermeiras,
fisioterapeutas, médicos entrando tudo na mesma hora, engraçado quando não
estou fazendo nada, não entra nem alma penada no meu quarto...
Acho interessante e às vezes desafiador, que parece que tudo resolve
acontecer quando estou internada, todas às vezes não consigo vir sossegada e só
me preocupar com meu tratamento, uma vez falta luz só na minha casa, e ninguém atina
a resolver na minha ausência, fico eu daqui me atucanando. Na outra vez, a Gigi
pega outra pneumonia e precisa ser baixada as pressas, e eu tive que movimentar
céus e montanhas para conseguir que nos colocassem no mesmo quarto, pois ela
não poderia ficar sozinha por sem menor de idade. E agora dessa vez a guria é
assaltada e a mãe aqui tem que se virar nos 30 para resolver o problema e consolar a menina.
Bom, dona bactéria identificada e sendo tratada, pulsoterapia e
andamento, correria sobre o assalto sendo resolvida, beleza, essa noite vou
conseguir dormir. As duas da manhã veio o enfermeiro pela milionésima vez no
meu quarto para instalar a bolsa com o antibiótico na veia, perguntei se era o
último remédio do dia, enfim era, vou dormir... Ledo engano, por volta das três
da manhã o infeliz do enfermeiro entra no quarto que “nem gringo em baile”,
acende todas as luzes possíveis do quarto, se aproxima da cama com um olhar
psicopata, coloca as luvas e me diz com uma voz meio metálica: Vim para fazer o
exame do cotonete no c#! Num segundo pulei da cama e quase mandei ele tomar no
c# dele, disse indignada, não vai nada, me dá essa m#rda aqui que vou lá no
banheiro fazer. Voltei possuída para a cama, vê se tem cabimento teve o dia
INTEIRO para fazer essa droga de exame e espera às 3 horas da manha para vir me
acordar para fazer?? Fiquei imaginando, no mínimo ele não tinha o que fazer de
madrugada e pensou: “Quem eu posso sacanear essa madrugada?” Só pode, né? Não
tem outra explicação... Palhaço!! :/
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