Pois é
amigos, todos devem saber como a nossa sociedade é preconceituosa, pessoas “diferentes”
sempre são olhadas com outros olhos principalmente em situações ditas “de
pessoas normais”. Nós com alguma deficiência
certamente já ouviu alguma dessas típicas frases: “Nossa, tão bonita e na
cadeira de rodas!” “ Puxa, tão novinho e cego!” “ Que judiaria, uma pessoa tão
boa deficiente físico...”
Como já é de
costume, vocês sabem que eu vivo justamente na via contrária a esse estereótipo.
Os que me conhecem já devem ter percebido que vivo meus dias intensamente e não
deixo nenhum “rotulo” escrever minha história. E que sim, me esforço para fazer
da dificuldade uma piada, não me abato e nem me entristeço com as pedras no caminho,
porque se tiver pedras, as junto e faço uma sopa de pedras..hahahahahahaha
Vocês já
repararam que não tem quase cadeirantes na rua? Já viram que na praia então é raridade?
Eu , por exemplo, nunca vi (além de mim, claro kkkk). Como não me abalo em ser “diferente”,
eu aceitei o convite dos meus amigos de passar uma semana na casa deles em Atlântida
. E ai começou as minhas aventuras...
Bom, começamos
por uma atividade básica e teoricamente simples: Ir até a praia. Então, bem
simples né, carregar cadeiras de praia, guarda sol, bolsa, esteira, canga,
cooler( tem que ter cerveja gelada, né?), material para sondagem e o principal:
a cadeira de rodas, né? Fácil, carregar tudo isso ou dirigir a cadeira de
rodas! Como não fui sozinha, até deu, um
levava as coisas até a praia, eu levava algumas no colo e alguém me levava.
Agora, passar com aquelas rodinhas finas da cadeira sem atolar na areia
realmente é quase uma missão secreta.
Chegando à
beira da praia as aventuras não pararam... imaginem tomar várias cervejas bem
geladas, o que acontece um tempo depois? Entrou tem que sair, né? Então, vamos
nos sondar, barbada. É só pedir para alguém segurar a canga no meu colo para
disfarçar o que estou fazendo e esperar esvaziar um pouco as pessoas na minha
volta. Depois de alguns minutos de sofrimento tentando achar o maldito buraco
da uretra, porque sem enxergar é f#da, beleza deu certo, consegui o xixi
começou a sair, mas não acabou por ai... Tinha a recém conseguido me acertar na
posição, quando sou mega surpreendida pelo homem do bar da praia: “Tudo certo
ai patroa?” E o homem não saia do meu lado, parecia um dois de paus e eu louca
para mandar ele a p#ta que o pariu e saísse logo do meu lado. Genteeee vocês
não imaginam a tensão que fiquei, com medo que aquela porcaria de cateter saísse
do lugar e eu tivesse que catar de novo o buraco...kkk
Vou contar só
a saideira das emoções da praia hoje, resolvemos dar uma volta no centrinho de
Tramandaí. Tudo bem tranquilo, claro... Como eu sou uma pessoa bem “normal” não
fiz nada que chamasse a atenção, né? ERRADO!!! Minha
filha estava atrás me ajudando a subir um rebaixamento de meio, quando me dei
conta que no fim da rampa tinha nada mais, nada menos que UM POSTE, é isso
mesmo, um poste. Sem pestanejar, me agarrei no poste e comecei a dançar como se
ele fosse um Pole Dance. Minhas amigas riram que se matavam, minha filha
tadinha ficou com aquela cara “ Mãe, o que é isso?” E todos na rua pararam para
olhar com um misto no olhar, de curiosidade, admiração, surpresa e claro muitos
riram de monte e alguns com aquele certo olhar de reprovação ( como o que
comentei no inicio desse post). Certamente para minha filha e para minhas
amigas rebaixamentos de meio fio nunca mais serão os mesmos... kkkk
Então peço
que os amigos após lerem esse post, concluam a minha pergunta inicial, “
Cadeirante pode ir na praia?”
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