terça-feira, 11 de outubro de 2016

Cadeirante anda de ônibus?



Pessoas, esses dias resolvi me aventurar, sim me aventurar, porque na cadeira de rodas qualquer lugar que não seja sua casa é sim uma aventura. Decidi passar o final de semana na praia com meu marido.

Praia?  Porque aventura, não parece um passeio inofensivo? Depende...a aventura começa quando digo que quero ir de ônibus, ao comprar as passagens já é uma piada infame, pois os assentos “reservados” para cadeirantes quase nunca estão disponíveis e por mais incrível que pareça, de acessível só tem o ADESIVO. Acreditem, os ônibus intermunicipais só tem o adesivo no vidro “dizendo” que são “veículos adaptados”. Para entrar tenho que começar deixando a minha cadeira( extensão do meu corpo) no porta malas... imaginem se eu preciso ir no banheiro, se tenho qualquer urgência?? Me f#do literalmente, porque a cadeira fica lá embaixo atolada com as malas das pessoas...uma vergonha!

Como se isso não bastasse, tenho que subir no ônibus no colo do meu esposo( o que é delicioso, eu confesso), mas tenho que passar por uma porta que nem uma pessoa normal consegue passar de frente, tem que ir de lado de tão estreita que é. Vou me batendo por tudo e às vezes tranca minha perna, ou meu quadril (que é de uma boa parideira..kkkk) e só passa no tranco...sempre fico roxa.

Bom, já sentada e acomodada, os problemas acabaram? Não!!! Imaginem só que interessante, a rodoviária para desembarque é só em Capão da Canoa, e meu destino é em Capão Novo. Tudo bem, vamos pegar um ônibus local, deve ser fácil... Ficamos uma hora na parada esperando, porque só tem uma linha que faz esse trajeto e as lotações, adivinhem? Não tem adaptação! Ok, o ônibus chegou: Subo no elevador e vejo que ele trava e começa a jorrar óleo hidráulico como se eu estivesse em cima de uma fonte de petróleo. Descemos do ônibus para o motorista chamar outro veiculo e claro, mandar todos os passageiros que estavam dentro dele descer. Imaginem como todos ficaram eufóricos?? Kkkk Aquele olhar de indignação do povo chegou a me dar dor de barriga... sim, verdade, meu “intestino nervoso” desandou e começou a me pedir banheiro urgente! Ah jura? Banheiro adaptado na praia?? Loteria achar um.


Mais uma hora esperando, até que chega o abençoado ônibus que iria me levar ao banheiro, na hora era só o que eu conseguia pensar. Parecia um ônibus de interior sabe? Aqueles que só faltava ter junto porcos, galinhas e caixas de verdura, mas foi bem engraçado. Não consegui ficar mal humorada, mesmo com aquela dor de barriga implorando por um banheiro, fui o trajeto todo dando risada.

À noite descobri que a previsão do tempo que olhei foi a do Caribe e não a do Alaska e que o casaco que levei não dava nem para a saída. Optamos por ficar pouco tempo na rua, porque poderíamos nos aquecer ficando bem juntinhos embaixo dos cobertores. Cobertores?? Descobri que a minha sogrinha tinha levado quase todos para casa dela para lavar, deixou só UM cobertor. Botei todas as roupas que eu havia levado no corpo e me tapei toda. Parecia que estava sofrendo de hipotermia, não conseguia me manter aquecida, chamei meu marido e disse para ele: Amor  traz lá de dentro panos de prato, toalhas, pano de chão, cortina, o que tu achar. Ele me responde: Para que quer tudo isso? Eu naturalmente respondo, para me tapar é claro. Huahsuhaushaushaua


Depois de um fim de semana gélido e romântico( não tinha como não ser, tínhamos que ficar sempre grudados para nos aquecer..rsrrsrsrssrsrsr), resolvemos comprar as passagens de retorno para casa. Fomos até a rodoviária e descobrimos que tinha uma linha que saia de Capão Novo até Porto Alegre, não precisaríamos pegar o “ônibus petroleiro”. Maravilha, só tinha um defeito, era pinga-pinga, levamos longas quatro horas e meia para chegar. Nunca vi um ônibus parar tanto. Até em Porto não para tanto como aquela linha. O desfecho dessa história, encerrou com chave de ouro, meu digníssimo esposo tornou a me pegar no colo para subir no ônibus e ele errou a mira e me largou no chão, ao lado dos acentos... rsrsrsrsrsrs Rimos sem parar por mais de cinco minutos. Detalhe: Com o ônibus lotado e todo mundo nos olhando...

Moral da história: Ser cadeirante não me restringe, vou viver sim e viver muito, e é claro que me divertindo SEMPRE!

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