Pessoas,
esses dias resolvi me aventurar, sim me aventurar, porque na cadeira de rodas
qualquer lugar que não seja sua casa é sim uma aventura. Decidi passar o final
de semana na praia com meu marido.
Praia? Porque aventura, não parece um passeio
inofensivo? Depende...a aventura começa quando digo que quero ir de ônibus, ao
comprar as passagens já é uma piada infame, pois os assentos “reservados” para
cadeirantes quase nunca estão disponíveis e por mais incrível que pareça, de acessível
só tem o ADESIVO. Acreditem, os ônibus intermunicipais só tem o adesivo no
vidro “dizendo” que são “veículos adaptados”. Para entrar tenho que começar
deixando a minha cadeira( extensão do meu corpo) no porta malas... imaginem se
eu preciso ir no banheiro, se tenho qualquer urgência?? Me f#do literalmente,
porque a cadeira fica lá embaixo atolada com as malas das pessoas...uma
vergonha!
Como se isso não
bastasse, tenho que subir no ônibus no colo do meu esposo( o que é delicioso,
eu confesso), mas tenho que passar por uma porta que nem uma pessoa normal
consegue passar de frente, tem que ir de lado de tão estreita que é. Vou me
batendo por tudo e às vezes tranca minha perna, ou meu quadril (que é de uma
boa parideira..kkkk) e só passa no tranco...sempre fico roxa.
Bom, já
sentada e acomodada, os problemas acabaram? Não!!! Imaginem só que
interessante, a rodoviária para desembarque é só em Capão da Canoa, e meu
destino é em Capão Novo. Tudo bem, vamos pegar um ônibus local, deve ser fácil...
Ficamos uma hora na parada esperando, porque só tem uma linha que faz esse
trajeto e as lotações, adivinhem? Não tem adaptação! Ok, o ônibus chegou: Subo
no elevador e vejo que ele trava e começa a jorrar óleo hidráulico como se eu
estivesse em cima de uma fonte de petróleo. Descemos do ônibus para o motorista
chamar outro veiculo e claro, mandar todos os passageiros que estavam dentro
dele descer. Imaginem como todos ficaram eufóricos?? Kkkk Aquele olhar de
indignação do povo chegou a me dar dor de barriga... sim, verdade, meu “intestino
nervoso” desandou e começou a me pedir banheiro urgente! Ah jura? Banheiro
adaptado na praia?? Loteria achar um.
Mais uma hora
esperando, até que chega o abençoado ônibus que iria me levar ao banheiro, na
hora era só o que eu conseguia pensar. Parecia um ônibus de interior sabe? Aqueles
que só faltava ter junto porcos, galinhas e caixas de verdura, mas foi bem
engraçado. Não consegui ficar mal humorada, mesmo com aquela dor de barriga
implorando por um banheiro, fui o trajeto todo dando risada.
À noite descobri
que a previsão do tempo que olhei foi a do Caribe e não a do Alaska e que o
casaco que levei não dava nem para a saída. Optamos por ficar pouco tempo na
rua, porque poderíamos nos aquecer ficando bem juntinhos embaixo dos
cobertores. Cobertores?? Descobri que a minha sogrinha tinha levado quase todos
para casa dela para lavar, deixou só UM cobertor. Botei todas as roupas que eu
havia levado no corpo e me tapei toda. Parecia que estava sofrendo de
hipotermia, não conseguia me manter aquecida, chamei meu marido e disse para
ele: Amor traz lá de dentro panos de
prato, toalhas, pano de chão, cortina, o que tu achar. Ele me responde: Para
que quer tudo isso? Eu naturalmente respondo, para me tapar é claro. Huahsuhaushaushaua
Depois de um
fim de semana gélido e romântico( não tinha como não ser, tínhamos que ficar
sempre grudados para nos aquecer..rsrrsrsrssrsrsr), resolvemos comprar as
passagens de retorno para casa. Fomos até a rodoviária e descobrimos que tinha
uma linha que saia de Capão Novo até Porto Alegre, não precisaríamos pegar o “ônibus
petroleiro”. Maravilha, só tinha um defeito, era pinga-pinga, levamos longas
quatro horas e meia para chegar. Nunca vi um ônibus parar tanto. Até em Porto
não para tanto como aquela linha. O desfecho dessa história, encerrou com chave
de ouro, meu digníssimo esposo tornou a me pegar no colo para subir no ônibus e
ele errou a mira e me largou no chão, ao lado dos acentos... rsrsrsrsrsrs Rimos
sem parar por mais de cinco minutos. Detalhe: Com o ônibus lotado e todo mundo
nos olhando...
Moral da
história: Ser cadeirante não me restringe, vou viver sim e viver muito, e é claro
que me divertindo SEMPRE!
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