quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Peregrinação do remédio... (texto mais antigo, mas com certeza com problemas infelizmente ainda atuais)



Não basta ter esclerose múltipla, né? Pois é, para dificultar ainda mais o meu remédio para a e.m está em falta na farmácia do Estado. Há à quase três semanas faço a peregrinação diária atrás do remédio, a farmácia diz que não tem previsão para receber e a única solução que vislumbrei foi procurar a justiça, afinal o Brasil tem o maior respeito pelo seu povo e nunca ninguém morre por negligencia do Estado, né?

A aventura começa quando tenho que me locomover da farmácia do Estado, na Av. Borges de Medeiros até a defensoria publica na Av. Sete de Setembro. São dezenas de quadras, mas isso não seria um problema se as calçadas tivessem rebaixamentos e fossem planas, sem buracos... Pois é, se não fosse meu marido me conduzir até lá não teria a menor chance de eu conseguir chegar ao meu destino. Está certo que foi uma condução estilo velozes e perigosos comigo a todo instante gritando: Cuidado o buraco!! Devagar!Desculpa senhora(ao bater nos pés dos andantes com a cadeira). Olha, se eu fosse cardíaca, certamente já teria tido um infarto, esse menino me deixa com o coração na boca ao me conduzir ...kkkk


Depois dessa longa jornada, chegamos lá, claro que me deram uma senha preferencial(detalhe na ficha dizia “deficiente físico”), até decorei a senha: C107(deficiente físico), mas o que achei mesmo fantástico foi o fato das pessoas que chegaram junto comigo e algumas que chegaram depois passaram antes de mim ao atendimento, logo vi as pessoas com as senhas C101, C102, C103... passarem na minha frente mesmo tendo chegado junto comigo e algumas depois e o mais  interessante NÃO eram preferenciais!! Fico surpresa com a falta de tato das pessoas, eu ali na cadeira de rodas..já não agüentava mais de dor(é além de e.m estou com artrose e sinuvite no quadril..) e vontade de ir no banheiro(é nós esclerosados temos bexiga nervosa..kkk) e ninguém se sensibilizava, mesmo eu reclamando que estavam passando outros na minha frente, até que meu marido levantou e botou a boca nos atendentes, que diziam que não podiam fazer nada, a sorte é que o defensor publico bem na hora estava passando por ali e escutou tudo e me mandou entrar... ufaaa... alguém com coração!

Acreditem, depois de toda essa peregrinação ainda não tenho previsão de receber meu remédio, a farmácia vai passar a semana toda fechada, e a justiça ainda pede que esgotemos com todas as possibilidades antes de entrar com o processo de fato e para isso o jurídico da farmácia precisa assinar o oficio da defensoria... isso quer dizer, só semana que vem.

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